Tua

Mais uma vez você se apodera de mim. A começar por um simples toque, uma troca de olhares demorada.
Fecho os olhos, me deixo ir, e quando menos espero você está dentro de mim, e eu sinto seu corpo me envolver de maneira avassaladora.
De repente o universo deixa de existir, mais uma vez, eu vejo você e deixo você me ver, nua de corpo e alma, pronta pra desmanchar meu ego na plenitude do seu abraço, o qual eu chamo de lar.


Tua, como nunca deixei de ser.


Mas - sempre tem um "porém"-, num piscar de olhos, você não está mais aqui, e é como se todo o melhor de mim que tenho lutado tanto para (re)construir - a duras, muito duras penas - tivesse grudado nas suas pernas, ou te seguido onde quem que você tenha ido.

Mais uma vez você me deixa com a sua falta. Essa falta imensa que me inquieta e me aprisiona. Que me distancia de mim. Me cega para o universo além da sua -quase divina- presença. Que faz o gosto dos seus beijos se tornarem amargos na minha memória. E deixam de ser reais. Você deixa de ser real. É só mais uma memória. Das mais dolorosas. O monstro do medo, uma confiança rachada, esperança perdida. Parte dos meus mais lindos sonhos, e dos meus piores pesadelos. Qualquer coisa que tenha sobrado dos meus melhores anos. Minha doença e minha cura.


Tua, como nunca deixei de ser. Como não consigo deixar de ser.


Mas - sempre tem um "porém"-, eu não vou me permitir, eu não vou te permitir. Não dessa vez. Não hoje. Não mais. Até que você seja meu, tanto quanto sou tua.





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